sábado, 21 de outubro de 2006

Neste mundo, há gente boa e gente... menos equilibrada

sábado, 21 de outubro de 2006
Em menos de oito horas, mandei dois carros para o "galheiro". Já alguém dizia que se e é para se fazer, então que se faça em grande!

A primeira vítima foi a minha própria viatura! Vizualizem a curva do Mónaco, marginal de Cascais, 01H30 de uma noite de chuva. Acrescentem um carro capotado... et voilá, têm o cenário completo.

A segunda vítima, não por minha culpa, mas morreu nas minhas mãos ao quilómetro 13,1 da A2 sentido Setúbal - Lisboa.

Um dos pontos positivos é que descobri que ainda há pessoas dispostas a ajudar outras, senão nunca teria saído do carro vítima nº1. Pé no tablier, outro no banco e eis que estamos no tejadilho do carro, tal e qual como quem sai da uma escotilha de um submarino. E quando estamos prontos a saltar para o chão daquilo que parece um arranha-céus, alguém que pareceu ter 2 metros e tal de altura, nos agarra pela cintura e com toda a delicadeza nos coloca no chão.

Uma mão cheia de gente que se disponibiliza a colocar o carro na sua posição natural, a preocupação de alguém que grita "Vem aí a polícia, vista o colete!", outro alguém que vai a correr buscar o seu próprio colete para que a polícia não me multasse até que outro grita "Não é preciso, ela já o encontrou!".

As mulheres que logo acorreram para ver se estava em choque e que com grande espanto diziam "Mas você está muito calma", ao que a minha resposta soava a frase feita com um honesto "Só eu sei como estou por dentro". Os polícias que ficaram à chuva durante uma hora até que chegasse a Brigada de Trânsito. Os agentes da BT que acreditaram quando lhes disse a sorrir "Pode fazer o teste de alcool à vontade. Tenho a certeza que para além de acusar um iogurte, vai dizer que estou com muita fome!"

Com a segunda vítima porém, o caso mudou de figura, já que padeceu de um mal eléctrico fulminante. Marcante foi a personagem do Rebocador Suicida que insistia em acelarar e desacelarar ao ritmo do "Playback" de Carlos Paião. Com o passar das horas, o corpo começava a ressentir-se do incidente anterior, com as primeiras dores a manifestarem-se, o que fez do resto da viagem algo de dolorosamente desagradável. Para não falar no facto de, para recuperar os meus bens, o suicida teve o desplante de me mandar subir ao falecido carro, em cima do reboque. E eu que já não estava para me dar ao trabalho de discutir a ciência do cavalheirismo, fiz o que ele me mandou.

Resumindo, em menos de oito horas, armei e desarmei triângulo duas vezes, vesti e despi colete duas vezes, accionei a assistência em viagem duas vezes e entrei em contacto directo com diferentes agentes da BT duas vezes.

De certeza que mereço uma distinção, quem sabe até uma menção honrosa no Livro dos Records do Guinness...

5 had an opinion:

Ana Silva

Que aventura! E estás bem? Não foste ao hospital? O teu C3 foi para a sucata?

Trinity

Estou à espera de diagnóstico!
E toda a gente sabe que, só morta, é que ponho os pés no hospital!!!

Salustio

Não querendo brincar com a tragédia mas... os mortos que vão parar aos hospitais (ou que de lá saem) nunca põem lá os pés.

Trinity

Põem, sim senhor... frios e meio roxos, mas os pés estão lá ! Excepto aqueles que morrem sem eles, os pés... mas isto já é ir muito ao detalhe...

Salustio

Não senhora. Para porem os pés tinham de os assentar no chão. E isso não acontece.

 
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