Em menos de oito horas, mandei dois carros para o "galheiro". Já alguém dizia que se e é para se fazer, então que se faça em grande!
A primeira vítima foi a minha própria viatura! Vizualizem a curva do Mónaco, marginal de Cascais, 01H30 de uma noite de chuva. Acrescentem um carro capotado... et voilá, têm o cenário completo.
A segunda vítima, não por minha culpa, mas morreu nas minhas mãos ao quilómetro 13,1 da A2 sentido Setúbal - Lisboa.
Um dos pontos positivos é que descobri que ainda há pessoas dispostas a ajudar outras, senão nunca teria saído do carro vítima nº1. Pé no tablier, outro no banco e eis que estamos no tejadilho do carro, tal e qual como quem sai da uma escotilha de um submarino. E quando estamos prontos a saltar para o chão daquilo que parece um arranha-céus, alguém que pareceu ter 2 metros e tal de altura, nos agarra pela cintura e com toda a delicadeza nos coloca no chão.
Uma mão cheia de gente que se disponibiliza a colocar o carro na sua posição natural, a preocupação de alguém que grita "Vem aí a polícia, vista o colete!", outro alguém que vai a correr buscar o seu próprio colete para que a polícia não me multasse até que outro grita "Não é preciso, ela já o encontrou!".
As mulheres que logo acorreram para ver se estava em choque e que com grande espanto diziam "Mas você está muito calma", ao que a minha resposta soava a frase feita com um honesto "Só eu sei como estou por dentro". Os polícias que ficaram à chuva durante uma hora até que chegasse a Brigada de Trânsito. Os agentes da BT que acreditaram quando lhes disse a sorrir "Pode fazer o teste de alcool à vontade. Tenho a certeza que para além de acusar um iogurte, vai dizer que estou com muita fome!"
Com a segunda vítima porém, o caso mudou de figura, já que padeceu de um mal eléctrico fulminante. Marcante foi a personagem do Rebocador Suicida que insistia em acelarar e desacelarar ao ritmo do "Playback" de Carlos Paião. Com o passar das horas, o corpo começava a ressentir-se do incidente anterior, com as primeiras dores a manifestarem-se, o que fez do resto da viagem algo de dolorosamente desagradável. Para não falar no facto de, para recuperar os meus bens, o suicida teve o desplante de me mandar subir ao falecido carro, em cima do reboque. E eu que já não estava para me dar ao trabalho de discutir a ciência do cavalheirismo, fiz o que ele me mandou.
Resumindo, em menos de oito horas, armei e desarmei triângulo duas vezes, vesti e despi colete duas vezes, accionei a assistência em viagem duas vezes e entrei em contacto directo com diferentes agentes da BT duas vezes.
De certeza que mereço uma distinção, quem sabe até uma menção honrosa no Livro dos Records do Guinness...
sábado, 21 de outubro de 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 had an opinion:
Que aventura! E estás bem? Não foste ao hospital? O teu C3 foi para a sucata?
Estou à espera de diagnóstico!
E toda a gente sabe que, só morta, é que ponho os pés no hospital!!!
Não querendo brincar com a tragédia mas... os mortos que vão parar aos hospitais (ou que de lá saem) nunca põem lá os pés.
Põem, sim senhor... frios e meio roxos, mas os pés estão lá ! Excepto aqueles que morrem sem eles, os pés... mas isto já é ir muito ao detalhe...
Não senhora. Para porem os pés tinham de os assentar no chão. E isso não acontece.
Enviar um comentário